segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Mistério da Antiga Fé

Por Bruxaria Tradicional, entende-se que é de fato uma tradição espiritual/mágica marginalizada pelo senso-comum, transmitida por gerações, com seu núcleo intocado. Os chamados "Bruxos Tradicionais" são os portadores destas tradições, e o são, por estarem de acordo e em harmonia com os conceitos que formam a tradição.
Embora haja muita confusão, a bruxaria tradicional não é exclusivamente familar, embora seja de conhecimento comum que a maioria das tradições que existem nos dias de hoje sobreviveram apenas em determinados núcleos familiares, dessa forma, existem Tradições Familiares.
Quando um Bruxo Tradicional cria seu próprio método, baseado em sua vivência, conceitos e experiências individuais, este Bruxo não está criando uma tradição. O conceito de tradicionalismo está mais ligado à sobrevivência dessas idéias, e de sua perpetuação para gerações vindoras.

Sobre o Termo

A Arte ou Bruxaria tradicional é o termo usado para designar os indivíduos e grupos que participam do Mistério da Antiga Fé. O Mistério da Antiga Fé flui sob nossos pés, e é a sabedoria ancestral que descansa na terra propriamente. Estes grupos e indivíduos são geograficamente localizados especialmente na Europa Setentrional, e em particular nas Ilhas britânicas, mas obviamente o termo, por extensão, tem alcance muito maior.
As práticas referidas aos Mistérios da Antiga Fé se referem às práticas pagãs, mágicas, feiticeiras e de ensinamentos místicos que foram passados em sucessão desde pelo menos a última metade do Século XIX. As práticas referidas como Bruxaria Tradicional são variadas e de formatos diversos, de formas simples de folk magick (magia popular) e conjurações à rituais cerimoniais mais elaborados, onde os mistérios são expostos. Assim como Andrew Chumbley escreveu em seu ensaio What is the Traditional Craft?: “É a típica e genuína Sabedoria-Popular (Cunning-Folk) de se utilizar qualquer coisa que se esteja à mão e transformar todas as suas influências, independente da proveniência religiosa, aos propósitos secretos da Arte”. Isto guiou a Fé Antiga a dadas máscaras, orientações e uma grande variedade de formas que expõem este antigo conhecimento (lore) em ricas manifestações pessoais, centradas em torno da presidência do Mestre ou Mestra de um dado círculo de iniciados. Portanto, é impossível se dizer se este ou aquele círculo é uma recensão da Arte Tradicional baseado na uniformidade de rituais: o que conecta as várias correntes conjuntamente é a linhagem comum, a aceitação mútua e a diversidade provocada pelo "witchblood" (sangue bruxo).
Tipicamente aqueles que seguem esta fé são ocupados com o legado feiticeiro da sabedoria, mas se esta sabedoria é concedida pelo sangue de Caim ou Seth, por Anjos, Daimons ou Demônios, elas são uma inteira ordem distinta de possibilidades. Pode se dizer que em muitas correntes da Bruxaria Tradicional a idéia de ' Elphame é central de uma maneira ou de outra - daqueles que cruzaram os limites entre os homens e “o outro”, como freqüentemente representado pelas fadas e seres de outros mundos - buscando conceder seu conhecimento para a humanidade, como também é se reflete nos decentes dos Guardiões. Mas isto, novamente, se torna em muitos casos, muito complicado para muitas das formas da Arte Tradicional, que preferem trabalhar guiados por seus familiares e guias espirituais em trabalhos de ‘worthcunning’ (magia das ervas) e simples feitiços desenhados diretamente no Livro da Natureza propriamente.
Em resumo, pode-se dizer que a Arte Tradicional é a Arte da Bruxaria codificada dentro do tecido da terra e os mistérios legados através do tempo e localidade para os guardiões dignos da Antiga Fé, assim como Chumbley declara no ensaio acima mencionado: “O Homem da Arte se move à margem da sociedade; ele caminha dentro do mundo da Humanidade, mas verdadeiramente 'fora dele'”.
Dentro dos círculos da Arte tradicional busca-se ativar a sabedoria ancestral que descansa codificada dentro da terra e do praticante propriamente, portanto, cada praticante e cada forma de se lidar com a sabedoria ancestral é ímpar, mesmo que se compartilhe da mesma herança ancestral, usualmente chamada de witchblood (sangue bruxo). Isto pode ser refletido nos caminhos de Caim, o progenitor do sangue bruxo e a disposição feiticeira natural de seu parentesco sanguíneo e espiritual para buscar a sabedoria utilizando-se de métodos e modos específicos de obtenção desta, e esta é a razão pela qual é mais freqüente o uso do termo Cunning Folk (Povo Sábio) quando se refere aos praticantes da Antiga Fé e da Arte dos Sábios. A mentalidade do povo sábio sempre foi aberta e amigável para a interação com outros praticantes de diferentes convicções, e incorporou estas crenças de uma variedade de fontes, orais, ritualísticas e textuais – tudo de acordo com o chamado espiritual.
Um pouco mais adiante, pode-se assumir que a mesma variedade de práticas e orientações como vistas nos círculos de Bruxaria Tradicional é também vista dentre os Bruxos Hereditários, desde que a orientação é de natureza similar e pode-se dizer que talvez todos os círculos da Arte sábia tradicional realmente surgiram das bruxas solitárias que carregavam a chama no sangue de suas famílias. Durante os séculos, quando as formas mais operativas e cerimoniais de se trabalhar os mistérios se tornaram disponíveis, não era incomum ver estas transmissões incorporadas no trabalho dos sábios mediados por uma mão espiritual para guiá-lo. Chumbley declara: “Da perspectiva de um praticante, a adoção deste termo é um meio autoconsciente de se declarar a identidade como um dos ‘Cunning Folk’ (Povo Sábio), como um ‘Sábio’, um portador do sangue-sábio e assim como um iniciado da verdadeira tradição bruxa”.

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